quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Amor Cinza

Foi como mágica. Olhei nos seus olhos pela primeira vez e já estava apaixonado. Até hoje não consigo entender como isso aconteceu. Você se aproximou de mim, e naquele instante eu sabia: eu tava fodido; você me teria fácil e eu seria só seu, eternamente seu. Mas não foi bem isso que aconteceu, não é mesmo? Você tinha alguém, "um outro alguém, que me roubou o seu amor..." Como diz a música dos Los Hermanos. Inclusive é sua música preferida. Quão irônica é a vida? Quão perfeita sinfonia é tocada em cada respirar seu, em cada suspiro seu, em cada gemido de prazer seu... Mas tudo se foi... Foi-se como o sol todas as noites; foi-se como a chuva, que vem, molha tudo e depois vai embora.

Lembro das nossas tardes juntos, nossos momentos, nossa vida. Tudo parecia perfeito, infinito, eterno... Cada momento único, nem um igual ao outro. Em nosso primeiro beijo, "Sirens" no meu carro, nossa música. Até hoje não ouço porque me lembra você e dói demais. Uma vez você me falou sobre a vida, sobre o tempo, que nunca para, nunca... E isso me fez pensar, pensei muito. Você me completou por esses poucos 104 dias, e se tornou parte de mim de uma forma muito intensa. Quando estávamos juntos era como se o universo inteiro parasse e só existisse nós dois. Apenas nós dois...

Seu toque era como algodão, que perfurava não só a minha pele, mas a minha alma. Entrava em sintonia comigo, como se nós nos tornássemos apenas um. E foi assim que tudo aconteceu... Seus olhos nos meus, como uma transfusão de pensamentos, como uma invasão na minha alma... Seu sorriso bobo quando a gente se encarava... Você me chamando de bobo... Eu dirigindo com uma mão no volante e outra mão na sua mão... Momentos simples, mas que farão falta. Serão únicos para sempre na minha memória.

Mas você se foi. Acabou. A vida prega peças na gente o tempo todo, e você foi só mais uma dessas peças. Você foi o engano e o acerto, a dor e o alívio, o grito e o gemido, o ódio e o amor, a saudade e o rancor, a raiva e a alegria, a pena e o perdão, o paraíso e o inferno, o preto e o branco. Nosso amor foi o equilíbrio, um amor cinza. E esse amor cinza estará eternizado nesse texto para sempre.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Coisas De Onze Da Noite

Por que insistir? Por que nós só insistimos naquilo que nós sabemos que não vai dar certo? Nós só queremos o que não podemos ter, só vamos atrás daquilo que nos chuta, daquilo que nos desafia. Muitos tomam porrada, outros morrem no caminho, outros conquistam para depois jogar fora. Somos como crianças: conquistamos aquilo e depois perde a graça. A vida é bem assim, ganhar e perder. Se você só ganha, o valor da vitória passa a não ser mais tão saboroso. Se você perde, a vitória soa como uma gozada autêntica.

Eu me pego pensando no quanto eu insisti, no quanto tentei, no quanto bati na mesma tecla, no quanto passei por otário, fui otário! E para quê? Para nada. Para ser jogado no lixo como um prêmio que não tem tanto valor na mão de quem só sabe vencer. Enquanto eu me senti vitorioso... Ingênuo. Fraco. A vitória para mim soou como um tiro para o céu, como um pulo, um gritar, um sorriso que dura, como uma vida que se ganha... Para ela, apenas mais uma vitória... Nada importante para quem sempre vence.

Preciso esquecer o que ficou, seguir em frente, viver cada dia livre, pensando que minha vida vale mais do que é cobrada pelos outros que tentam me vender e só fazem pagar barato. Seguir sem olhar para trás... Persistir no esquecimento. Oblivion!

Princesa Cinza

Por todas as esquinas,
você.
Por todos os horizontes,
seus olhos.
Para cada hora com você,
segundos.
Para cada partida,
tudo do avesso.

Por cada ferida,
um beijo.
Por cada beco sem saída,
um recomeço.
Para cada insulto,
um abraço.
Para cada briga,
um fracasso.

Nos seus olhos,
casa.
Na sua vida,
a minha.
No seu espelho,
magia.
Na minha cama,
mágica.

Na sua face,
ilusão.
No seu beijo,
paixão.
No seu corpo,
sexo.
Na minha alma,
ódio.