Ele não tinha um nome, chamavam-lhe apenas de Burguês; usava várias máscaras durante o dia, máscaras daquelas invisíveis a olho nu e que apenas os mais espertos poderiam ver.
No dia-a-dia tirava suas máscaras em momentos mais convenientes, momentos que para ele eram oportunuos: na cama, no banho, na mesa, na hora de ser chato...
Com o passar do tempo, foi se esquecendo do local onde guardava suas máscaras, passou a usar tantas, que ficou difícil decorar todos os específicos lugares que as escondia.
Num dia próximo saiu de casa, como não fazia há meses e, claro, sem as máscaras que por ventura perdera; pessoas e pessoas viram seu verdadeiro rosto, rosto que assustou as pessoas, rosto o qual se parecia com o do homem que destruira muitas famílias, inclusive a daquelas pessoas e pessoas que o viam agora.
O Burguês sentiu-se um monstro sem as máscaras, um monstro com olhos de ladrão, um monstro com olhos de assassino, um monstro cuja fala não mais era mansa, e sim áspera, áspera como o barulho de granizo a perfurar telhados...