segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ilusões À Parte - Ode Ao Cinza

Hoje quando eu acordei, eu olhei pro céu e ele estava cinza; um cinza tão ludibriante quanto as cordas do som que sai da guitarra distorcida da música alucinante. Um tom de cinza tão poderoso, que me deu vontade de voar e fugir da vida, fugir da minha própria música. O som que eu ouvia era cinza, o tom cinza como o tom de ré sustenido duas oitavas acima, tocando e tocando sem parar; enlouquecendo meus ouvidos, eu não queria mais parar de escutar aquela música malvada que o céu tocou pra mim.

Fiquei encarando o céu até ele se tocar de que uma manhã não deve ser tão triste, afinal, é o início de um dia, e cada dia é tão milagroso como a água que desce o meu esôfago em dia de calor. O vento cinza batia no meu corpo e meu cabelo voava, era o cheiro do cinza me fazendo voar novamente, sentindo o cheiro mais intenso do cinza enfervecente abrir o meu pulmão, tão ou mais forte que um cigarro aceso numa madrugada fria na rua das vaidades.

Senti o cinza perfurar a minha pele e se alojar em meu peito como se fosse uma força amiga dizendo pra eu relaxar e sossegar durante alguns minutos em paz, somente eu e o cinza do céu me fazendo soltar as mãos e me deixar levar para a dimensão do cinza malvado que me faz fantasiar. Tudo isso pra não dizer que o céu de manhã é amigo do espiríto magnifíco da madrugada e seus anjos amigos e derivados, o cinza mais puro preste a molhar o meu quintal e soltar o vento mais frio e cinza que eu possa sentir em menos de alguns milésimos.

O cinza é o tom mais cruel de todas as cores: aquele que tira a vida de tudo, aquele que faz o preto parecer uma cor amigável; o cinza é como se fosse um branco disfarçado, um branco do mal; quanto ao preto, ele é só o preto e nada mais, não quer enganar ninguém, não quer ser outra cor. O cinza é a cor do medo, da fumaça, da poluição. Não existe o "preto e branco", e sim o tom de cinza. O cinza é o tom mais cruel de todas as cores.

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