terça-feira, 28 de outubro de 2014

Sobre A Beleza Das Paisagens Noturnas

Está tudo escuro. Passeio pelo meu carro no início da madrugada vazia. A chuva bate no meu para-brisas e é varrida. Pareço calmo de longe, mas não queira entrar no meu mundo, na minha bagunça. Acelero o carro com o intuito de chegar em algum lugar que não é físico; ora, não há como fazer o tempo passar mais rápido dessa forma! É uma tentativa inútil. Mas eu continuo, como quem não tem nada a perder. Logo após alguns segundos, eu percebo o quanto estou sendo bobo, o quanto a vida vale muito e o quanto estou me deixando levar.

- CADÊ O SEU LEMA? "Não deixe a vida te levar, guie-a sempre que você puder!". Não deixe a ela te levar, SEJA DONO DESSA HISTÓRIA! - eu podia jurar que minha mente gritava fora do meu corpo. Sempre achei que ela tivesse vida própria, quero dizer, fora de mim.

Ao ouvir isso de mim mesmo, ou da outra parte que me habita, sei lá, eu tive a nítida impressão de que estou largando a mim mesmo, esquecendo o meu próprio valor. E qual valor estou me dando? Estou me vendendo barato. Preço de banana. E ainda sou taxado de careiro. Como pode??? Pois é... A vida me dando um soco mais uma vez. Parei o carro no acostamento só para sair e sentir aquele cheiro de mato e chuva misturados. Eu podia jurar que o tempo parou ali e que ainda estou lá sentindo a natureza me confortar e me dar um abraço. Naquele singular momento, eu senti que tudo podia dar certo, que as coisas são do jeito que eu mereço e quero que sejam. As coisas são como são e ainda não me dei conta disso. Mas a forma como elas são é exatamente a forma como eu escolhi que fossem. Eu fiz o meu destino. Eu escrevo o destino dos mortos e critico a beleza das paisagens noturna. Não fui eu quem escrevi o Submundo, eu apenas vivo nesse contexto.

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